Sexta-feira passada tivemos um convite especial: "Que tal deixar tudo de lado e ir à uma peça de teatro ao ar livre às 11 horas?" Convite assim geralmente a gente recusa, mas no fundo é irrecusável. Lá fomos eu e Mariana, com minha mãe-convidante para a UnB (Universidade de Brasília). Privilégio total e para poucos. Vivemos sempre com tantos deveres e obrigações de fazer e cumprir que não nos permitimos muita coisa boa, e uma escapada assim é fundamental para deixar a vida mais leve. O espetáculo "Concerto a céu aberto para solo de aves", encenado pela atriz Nara Faria, foi inspirado na obra de Manoel de Barros e apresentado sob a sombra de árvores grandiosas. O clima do mês de junho estava perfeito: fresquinho à sombra e um calorzinho bom ao sol. Cenário lindo! Respirei fundo e agradeci por tão nobre momento.
Infelizmente foi o último dia, mas fiquem atentos. Se virem alguma notícia por aí, é imperdível.
Um pouquinho de Manoel de Barros:
"Afundo um pouco o rio com meus sapatos. Desperto um som de raízes com isso A altura do som é quase azul"
"A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado e chorei. Sou fraco para elogios."
