quinta-feira, 29 de setembro de 2011

mas é certo que a primavera chega. é certo que a vida não se esquece...

Há muito que a grama cedeu lugar às folhas caídas.
Difícil acreditar que a primavera já começou.
Com os olhos e corpo habituados à tanta aridez, os suspiros veem com cheiro de terra molhada.

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

...

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

"Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

escola do lado de fora



Inspirada pelo livro Sem Escola, sem documento ( onde uma amiga muito querida e competente, Luciana Campolina, colaborou com um capítulo) e impulsionada pela alma geminiana que pensa que tudo pode desde que pelo caminho do bem, convenci a M. a mudar de endereço de estudo hoje à tarde. Lá fomos nós passar uma tarde no CCBB.

Primeiro assistimos curtas infantis do Anima Mundi. Realmente, o último dos 7 curtas da tarde, Ormie, o Porquinho mostrou porque foi o vencedor do prêmio de melhor curta pelo júri popular no Rio e São Paulo. Desenho bacana, leve e divertido que mostra as estratégias do porquinho para alcançar um ponte de biscoitos!

Depois fomos ver a exposição Anticorpos dos Campanas. É muito interessante ver de perto criações tão bacanas, bonitas, feitas com material tão simples, como papelão, eva/borracha, cordas, bonecas... Valeu muito e a M. ficou super atenta à tudo que a monitora falava. Eu só fiquei com uma dúvida: a monitora disse que o nome Anticorpos quer dizer resistência à produção em série. Será? Pode ser. Mas talvez uma referência ao que não tem um "corpo", formato, padrão certo e reto. Pena que não podia fotografar...

Pra fechar a tarde, brincadeiras com muitas crianças de escolas públicas na exposição permanente Casulo com as esculturas interativas de Darlan Rosa. Aliás, achei muito bom ver tantas crianças uniformizadas (todas de escolas públicas) aprendendo também fora da escola! Fiz questão de falar com algumas professoras e elogiar a "excursão".


PS: o "parquinho" não tem areia e as crianças também se divertem muito!